BIOGRAFIA NÃO AUTORIZADA – TÍMIDA

18/09/2009

Tenho a sensação de estar sempre no lugar errado e na hora errada. Já fui assaltado, já tomei tiro e pisei em merda várias vezes. Com a linha ocupada, ficava conectado à NE várias vezes enquanto alguém tentava ligar para mim oferecendo um bom emprego. Sou um predestinado mas nunca fiquei tímido por causa disso.

Mas nem todos são iguais. Algumas predestinações causam transtornos às pessoas, a Tímida que o diga. Paulistana e filha de retirantes, seu pai é baiano de Boqueirão e sua mãe sergipana da cidade de Lagarto, duas regiões cujos habitantes entram no cio quando as lamparinas se apagam.

Tímida era uma criança normal, extrovertida e com iniciativa nas brincadeiras, mas nas esquinas da vida o acaso já a aguardava como um tarado de pau em riste.

Seu primeiro sinal de timidez foi quando ela abriu a porta do quarto de seus pais, vendo de perto o papai arreganhando o boqueirão enquanto sua mãe enfiava o lagarto nele até o talo sem vaselina, uma inversão de papéis que a deixou corada por 3 semanas.

Ainda abalada, Tímida tentou esquecer a cena diante da companhia de seus irmãos, mas esteve novamente no lugar errado e na hora errada, quando desta vez os flagrou pelados brincando de veterinário, exatamente no momento em que a irmã dissecava a cobra de seu irmão com um pedaço úmido de Bombril. Seu rubor dessa vez durou 3 meses, deixando sequelas.

Com o trauma Tímida foi crescendo até se transformar numa pessoa totalmente acanhada. Apanhou muito em entrevistas de emprego e só conseguiu uma vaga de auxiliar de informática por pena.

De novo o destino lhe pregou uma peça: Tímida flagrara seu patrão agarrando a secretária na sala de Xerox enquanto a copiadora registrava as pregas dos dois, que se alternavam sentando no vidro da máquina para um sexo oral. Moral da história: demitida.

Desempregada porque a vida diz ‘OWNED’ a ela todos os dias, Tímida pensa em prestar concurso público para qualquer função, desde que consiga sair de casa porque não agüenta mais ouvir seus irmãos lhe xingando por causa de seus passados negros.

Tímida raramente viaja, não por temer flagrantes, mas para não ser confundida com putas paulistas que no litoral dão mais que chuchu na serra, mas na capital se fazem de puritanas. Tenta levar uma vida normal, ouvindo música, saindo para parques, shoppings ou ao cinema.

Cinéfila, Tímida tenta ownar a vida incorporando personagens de filmes em seus devaneios. Já se masturbou fingindo ser a protagonista de “Johnny e June”. Simula beijos ardentes em garrafas Pet imitando a mocinha de “Um Beijo Roubado” e fica molhada quando imagina um ménage a trois com Wolverine e o Capitão Jack Sparrow de “Piratas do Caribe”.

Tentou unir o útil ao agradável se inscrevendo para fazer uma ponta no filme “Caverna do Dragão”. Quis o papel de caverna, mas por ser virgem era apertadinha demais, e foi substituída por uma carioca que já é arrombada por natureza. Só lhe restou o papel de dragão, que lhe caiu muito bem.

Cogita-se a possibilidade da Tímida protagonizar um filme sobre a Heloísa Helena, mas os partidários da senadora só concordariam se ela usar uma burca muçulmana durante as filmagens para não prejudicar a bilheteria.

Tenho pensado em querer um xaveco com a Tímida, roçar meu cavanhaque em seu grelo raquítico. Afinal, se o João Antônio pode pretendê-la então não há nenhuma restrição para jumentos como eu. Pensei em conquistá-la fazendo gracinhas, mas tenho medo de deixá-la ainda mais tímida se eu aparecer na frente dela com uma vassoura no cu fingindo ser o Gordoidão.

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